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OPINIÃO: Maria Bethânia, a artista de carne e osso e de ouvido absoluto. – por Lucas

Lucas | UaiBethânia

Realizado no último final de semana (15) no Rio de Janeiro, o penúltimo show da turnê Caetano&Bethânia aconteceu na Arena Farmasi.

Um fato específico ganhou destaque nessa apresentação: o momento em que Maria Bethânia pontuou que o som estava com problemas. Totalmente exposta, em um dos momentos mais aguardados da turnê – seu solo –, a abelha-rainha exigiu respeito e que o problema técnico fosse corrigido imediatamente.

Ainda no palco, Bethânia mencionou que já havia enfrentado dificuldades no ensaio, realizado no dia anterior, e que a equipe poderia ter ficado zangada com ela. Dando a entender, talvez, que houvesse ocorrido um boicote à sua apresentação.

Após o episódio, uma enxurrada de comentários tomou conta das redes sociais. Surgiram críticas sobre a forma como Maria Bethânia exigiu respeito, mesmo que seu pedido tenha sido feito pensando na qualidade da entrega ao público. Bethânia é uma das maiores artistas do Brasil, pioneira no teatro, com diversos shows de extrema qualidade e reconhecimento, o que a consagra nesses 60 anos de carreira.

O objetivo deste texto é trazer uma reflexão sobre o ponto principal do ocorrido: o linchamento virtual e as tratativas que artistas – especialmente mulheres – recebem após situações como essa.

Maria Bethânia é frequentemente vista como antipática, rude e indelicada, sendo colocada em posições de ridicularização, seja por sua personalidade, seja por sua aparência ou pela forma como fala e exige qualidade em seu trabalho. Para aqueles que trabalham com a artista – e, principalmente, para os fãs que a acompanham há anos –, sua postura direta é reflexo de seu perfeccionismo e respeito pelo próprio ofício, seja no palco ou no teatro.

Com essa situação repercutindo fora da bolha, diversos comentários machistas e misóginos se espalharam por várias páginas, refletindo a ignorância de uma sociedade que não aceita que mulheres artistas exponham ou exijam respeito pelo seu ofício. Se você for um cantor do nível de Roberto Carlos, terá passe livre para agir dessa maneira. Se for uma mulher, precisará de uma diferença de 40 anos – como no caso da cantora Anitta, que recentemente, em um show em Belo Horizonte, atirou microfones no palco após problemas técnicos. (aqui)

É completamente inaceitável que uma turnê que movimenta milhões de reais e conta com equipamentos de ponta ainda apresente problemas de som em seu penúltimo show – os mesmos que já haviam sido apontados pelo público desde a estreia, em agosto do ano passado.

Lucas | Portal Uai Maria Bethânia.