— por Dandara Ferreira.

No movimento tropicalista, Gal Costa era a musa. Sua presença magnética e sua voz inconfundível faziam dela uma das figuras mais marcantes da música brasileira. Dona de um timbre cristalino e poderoso, transitava com naturalidade entre a suavidade e a explosão, entre o lirismo e a ousadia.
Nascida em Salvador, na Bahia, em 1945, Maria da Graça Costa Penna Burgos cresceu cercada pela música. Desde jovem, demonstrou um talento singular para o canto, sendo incentivada por amigos como Caetano, Bethânia, Gil, Tom Zé, com quem dividiria os primeiros passos na carreira e, mais tarde, a revolução tropicalista. No final dos anos 1960, quando o Brasil mergulhava na repressão da ditadura militar, Gal ousava. Sua interpretação intensa e sua escolha de repertório a tornaram uma voz de resistência, tanto política quanto artística.

Seus primeiros discos traziam um frescor inovador, mesclando elementos da música nordestina com sonoridades psicodélicas e influências do rock. Com o tempo, sua versatilidade se tornou ainda mais evidente. Passeava com maestria por diferentes estilos, do samba à MPB, da bossa nova ao pop. Sua capacidade de se reinventar a cada década a manteve sempre relevante, atravessando gerações sem perder a essência.
Gal Costa não era apenas uma cantora de técnica impecável; era uma intérprete visceral. Sua voz não apenas reproduzia melodias – ela as recriava, transformava, preenchia de emoção e significado. Nos palcos, sua presença era arrebatadora. Não precisava de excessos: sua voz e sua postura bastavam para dominar o público.
Ao longo de mais de cinco décadas de carreira, lançou discos icônicos, como Fa-Tal (1971), Índia (1973), Profana (1984) e Recanto(2011). Cantou compositores fundamentais da música brasileira, de Tom Jobim a Chico Buarque, de Luiz Melodia a Djavan. Construiu um legado inquestionável, tornando-se um dos maiores nomes da MPB.

Gal Costa foi e sempre será uma das grandes vozes do Brasil. Mais do que uma cantora, foi uma artista que desafiou padrões, explorou novos caminhos e nunca deixou de se reinventar. Sua música segue viva, atravessando o tempo e inspirando novas gerações.
